
As
terras de Papary eram terras consideradas boas para o cultivo, como também suas
lagoas muito propícias para pesca. Mas este progresso ficou estagnado em meados
do século XVII. A invasão Holandesa que outrora quis trazer para o município
progresso e tecnologia trouxe na verdade perspectivas de evolução que nunca
foram alcançadas.
Esse
povoado, que ficou sem rumo certo durante a invasão holandesa, só veio se
reerguer com a chegada dos portugueses em 1703. A terra boa para o plantio e as
lagoas superabundantes em peixes, deram impulso para que os portugueses se
firmassem no povoado de Papary.
Dentre
os aspectos constitutivos do povoado que agora estava sob a influência
portuguesa ainda faltava uma coisa: Uma Igreja onde a população do povoado
pudesse se encontrar para rezar. Devido a isso em cinco de setembro de 1735 foi
dado início a construção da capela do povoado. A construção dessa Igreja,
patrocinada pelas famílias Gusmão, Pires e Marinho residentes no povoado, foi
supervisionada pelos padres Capuchinhos Italianos que tinham a missão de
catequizar os índios de São José de Mipibu. Todo esse grande labor só foi
concluído em dezoito de agosto de 1756. Imagina-se que a escolha do nome Nossa
Senhora do Ó foi devido justamente à influência portuguesa já que essa devoção
surgiu na Espanha, mas se fixou em Portugal.
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A foto mais antiga que se tem da igreja matriz, datada da década de 40. (Créditos: Baltazar Marques) |
Nossa
Senhora do Ó é uma devoção mariana surgida em Toledo, na Espanha, remontando à
época do X Concílio, presidido pelo arcebispo Santo Eugênio, quando se
estipulou que a festa da Anunciação fosse transferida para o dia 18 de
Dezembro. Sucedido no cargo por seu sobrinho, Santo Ildefonso, este determinou,
por sua vez, que essa festa se celebrasse no mesmo dia, mas com o título de
Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria. Pelo fato de, nas vésperas, se
proferirem as antífonas maiores, iniciadas pela exclamação (ou suspiro) “Oh!”,
o povo teria passado a denominar essa solenidade como Nossa Senhora do Ó. Em
Portugal, o culto à Expectação do Parto, ou a Nossa Senhora do Ó, teria se
iniciado em Torres Novas (Santa Maria, Frei Agostinho – Santuário Mariano),
onde uma antiga imagem da Senhora era venerada na Capela-mor da Igreja Matriz
de Santa Maria do Castelo.
A
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó ainda conserva toda a sua construção
original barroca. A imagem da padroeira de origem portuguesa deve ter chegado
ao município por intermédio desses colonizadores que fixaram moradas nas terras
de Papary.
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Comemoração aso 50 anos da Campanha da Fraternidade. (Foto: Blog Nísia Digital) |
A Paróquia também é reconhecida mundialmente pelo seu pioneirismo, tendo sido a primeira no mundo a ter à sua frente, mulheres religiosas. Elas eram da congregação de Jesus Crucificado, e ficaram conhecidas como irmãs vigárias. As mesmas, que por iniciativa do saudoso Dom Eugênio Sales, deram início a Campanha da Fraternidade, na comunidade de Timbó, em Nísia Floresta. Neste houve grandes celebrações aos 50 anos da campanha.
Hoje, dia 29 de agosto de 2013, a Paróquia de Nossa Senhora do Ó completa 180 anos de uma fantástica história de evangelização nessas terras da antiga Papary. A marca está sendo celebrada com o primeiro Congresso Eucarístico Paroquial, com uma vasta programação religiosa e social, que teve início no último dia 25 e se extenderá até o dia 1º de setembro.
Autor: Sem. João Batista
Nunes Filho
Fontes de pesquisa:
• Escritos do Mons. Severino Bezerra
• Arquivo da Paróquia
• Dicionário da Cidade de Nísia Floresta
• www.wikipedia.org.
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