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Seminarista da Paróquia de Nossa Senhora do Ó escreve sobre Vocação

em quarta-feira, 3 de agosto de 2011

VOCACIONADOS PARA A VIDA*
 Iniciamos no início desta semana no Brasil  o mês vocacional. Desde 1983 o mês de agosto é dedicado a reflexão sobre as vocações. Inicialmente, celebrar o mês vocacional significava rezar para que os jovens quisessem ser padres ou freiras. Porém, há algum tempo, discernindo sob o olhar do Espírito Santo, os bispos chegaram ao consenso que o termo vocação é muito mais complexo do que seguir determinada “vocação específica”. Por isso, celebrar a palavra Vocação no mês de agosto significa estender o nosso conhecimento para além dos ofícios consagrados: refletir sobre vocação é compreender que todos os homens são eternos vocacionados para a vida.
A palavra vocação vem do verbo latino vocare que significa chamar. Quer dizer, vivenciar uma vocação se traduz por atender um chamamento. Este chamado parte de alguém que é o princípio de tudo; é um chamado de Deus. “Não fostes vós que me escolhestes; eu vos escolhi” (Jo 15,16). Todos nós, enquanto seres humanos dotados de vida, somos chamados a ser mais do que aparentemente somos. Vocação implica uma auto-realização, pessoal e comunitária, que se dá, pouco a pouco, cada dia de nossas vidas. E se há um chamado coerente de Deus deve haver uma resposta consciente e livre por parte do homem.  
Mas o que fazer se o homem de hoje vivencia um momento profundo de crise vocacional? O mundo pós-contemporâneo prega em suas ideologias a cultura do ter que se contrapõe à cultura do ser.  Ele promove um homem sem vocação. A vida se tornou para muitos como uma eterna ‘experimentação’. Porém, diante dessa desestruturação do ser do homem existe uma visível sede de Deus. O chamado de Deus é feito a estes homens, de carne e osso, que vivem em sua ‘fragilidade homogênea’. Incentivar a cultura vocacional significa entender a realidade e dialogar com o homem que se questiona a cada dia sobre a sua função dentro do ciclo vital.
Apoiar o discernimento vocacional é ajudar a pessoa a se encontrar inicialmente como ser humano. Todo ser humano tem uma vocação íntima, pessoal. Encontrando-se no contexto de sua vocação pessoal ele é chamado a vivenciar uma determinada vocação específica. O modelo concreto para seguirmos na busca da vocação humana (pessoal) é Jesus Cristo. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Para viver bem precisamos olhar para Jesus e aprender a olhar como Ele, isto é, desarmar o nosso olhar e olhar com amor para a beleza da vida na qual estamos inseridos e somos chamados a ser pessoas.
O chamado que Deus faz a cada homem é um chamado pessoal sempre intermediado por alguém. No caminho vocacional para acertar é preciso saber primeiro por onde ir. Daí a importância que tem o animador vocacional – um semeador  de vocações – animar àqueles que ainda não descobriram o verdadeiro caminho vocacional. Todavia, não esqueçamos que quem ajuda a chamar em nome de Deus deve saber que também é um vocacionado. A descoberta vocacional nunca se encerra. Todos nós precisamos aprofundar a consciência de que somos chamados a uma missão. Só assim poderemos viver em plenitude nossas vocações específicas.
            Portanto, viver o mês vocacional deve ser uma oportunidade impar para celebrar a vida. Animemos com entusiasmo àqueles que ainda pairam sobre as incertezas do  mundo. Formar vocações sólidas é missão de todo cristão. A resposta da Igreja ao mundo que rema contra a mensagem Divina será oferecer à sociedade famílias conscientes do seu papel; padres dispostos a assumir com coragem a missão; homens e mulheres que se coloquem à consagração total do Reino; fiéis leigos capazes de serem Igreja. Enfim, oferecer ao mundo seres humanos imbuídos de amor que se realizem e sejam fonte de realização para todos que estão a sua volta.



*Seminarista João Batista Nunes Filho
Seminarista do 2° ano de Teologia da Arquidiocese de Natal e Secretário da Pastoral Vocacional do Seminário de São Pedro

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