Artigo publicado na Tribuna do Norte em 04 de Março de 2011 http://tribunadonorte.com.br/noticia/do-po-para-a-vida/174539
Do pó para a vida
Do pó para a vida
Toda pessoa humana, crente ou não crente, tem consciência de sua finitude, ela sabe que tem um limite e um fim. Um dia nossos dias na terra serão encerrados e esperamos por uma realidade que dê continuidade a nossa vida, que muitas vezes é marcada por fraquezas e, usando uma linguagem mais teológica, por pecados. Cada ano, iniciamos a Quaresma com um ritual cheio de significado para algumas religiões, entre elas o cristianismo: as Cinzas. Na quarta-feira após o carnaval, celebramos a “Missa de Cinzas” para recordar nossa limitação, faltas, omissões e, consequentemente, a necessidade de penitencia e purificação. Faz-se necessário esclarecer que as “Cinzas” não são algo mágico ou supersticioso que se recebe para limpar-se dos excessos do carnaval. Essa visão, embora difusa, foge de longe do real significado do ritual das cinzas.
O pó das cinzas remete ao livro do Gênesis 3, 19: “comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”. Ao longo da milenar experiência do amado povo judeu, nossos irmãos mais velhos, foi-se desenvolvendo o conceito e a prática do uso das cinzas como sinal de purificação; um exemplo emblemático está no livro de Jonas, quando a cidade de Nínive fora ameaçada de destruição e corria o risco de entrar para a história sagrada com o mesmo destino de Sodoma e Gomorra. Avisados pelo profeta, o rei, os príncipes, todo o povo e, simbolicamente, até os animais fazem penitencia e usam cinzas numa atitude de humilde arrependimento: “o rei levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre as cinzas. Em seguida, foi publicado este decreto: ‘ (...) Todos clamem a Deus em alta voz, deixe seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos’” (Jonas 3, 8).
O pó das cinzas remete ao livro do Gênesis 3, 19: “comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”. Ao longo da milenar experiência do amado povo judeu, nossos irmãos mais velhos, foi-se desenvolvendo o conceito e a prática do uso das cinzas como sinal de purificação; um exemplo emblemático está no livro de Jonas, quando a cidade de Nínive fora ameaçada de destruição e corria o risco de entrar para a história sagrada com o mesmo destino de Sodoma e Gomorra. Avisados pelo profeta, o rei, os príncipes, todo o povo e, simbolicamente, até os animais fazem penitencia e usam cinzas numa atitude de humilde arrependimento: “o rei levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre as cinzas. Em seguida, foi publicado este decreto: ‘ (...) Todos clamem a Deus em alta voz, deixe seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos’” (Jonas 3, 8).
Ao impor a cinzas o ministro católico repete as palavras de Jesus, que dão todo sentido à celebração: “convertei-vos e crede no Evangelho”. As cinzas significam, pois, o humilde reconhecimento de nossa pequenez e a constante necessidade que temos de revisar nossos passos em busca de uma vida mais coerente, mais humana e disposta a interagir e proteger as outras formas de vida presentes no planeta como coloca em pauta a Campanha da Fraternidade neste ano. E isto, certamente, vale para todos independente de sua prática religiosa. Se assim o é, vale ainda mais para os católicos que são convidados a uma renovação profunda durante o período quaresmal como exortou o Papa Bento XVI na sua anual mensagem para a Quaresma: “o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é ‘fazer-se conformes com a morte de Cristo’ (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo”. Só assim passaremos do pó para a luz da Ressurreição e a vida divino-humana será abundante em nós!
(Pe. José Lenilson de Morais).
Pe. Lenilson, parabéns pelo artigo!
ResponderExcluirJosé Augusto