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Carnaval

em sábado, 5 de março de 2011



Vários autores explicam o nome Carnaval a partir do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; o que significa que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal. Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne.
O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo antes da Quaresma (domingo da Qüinquagésima), o título de “dominica ad carnes levandas”; o que teria gerado “carneval” ou carnaval.  Um grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se fazer um cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, festa que chamavam em latim de “currus navalis” (nave carruagem), de  donde teria vindo a forma Carnavale.  Não é fácil saber a real origem do nome.
As mais antigas notícias do que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: há pinturas gregas em vasos com figuras mascaradas desfilando em procissão ao som de músicas em honra do deus Dionísio, com fantasias e alegorias; são certamente anteriores à era cristã. Outras festas semelhantes aconteciam na entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera, na despedida do inverno.
Eram festas religiosas, dentro da concepção pagã e da mitologia com a intenção de com esses ritos expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior e pedir aos deuses a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano. Por exemplo, para exprimir o cancelamento das culpas passadas, encenava-se a morte de um boneco que, depois de haver feito seu testamento e um transporte fúnebre, era queimado ou destruído.  Em alguns lugares havia a confissão pública dos vícios. A denúncia das culpas muitas vezes se tornava algo teatral, como por exemplo, o cômico Arlequim que, antes de ser entregue à morte confessava os seus pecados e os alheios.
Tudo isso parece ter gerado abusos estimulados com o uso de máscaras, fantasias, cortejos, peças de teatro, etc. As religiões ditas “de mistérios” provenientes do Oriente e muito difusas no Império Romano, concorreram para o fomento das festividades carnavalescas. Estas tomaram o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou “lupercais”. Como essas demonstrações de alegria tornaram-se subversivas da ordem pública, o Senado Romano, no séc. II a.C. resolveu combater os bacanais e os seus adeptos acusados de graves ofensas contra a moralidade e contra o Estado.
Essas festividades populares podiam ser no dia 25 de dezembro (dia em que os pagãos celebravam Mitra ou o Sol Invicto) ou o dia 1º de janeiro (começo do novo ano), ou outras datas religiosas pagãs.
Quando o Cristianismo surgiu já encontrou esses costumes pagãos. E como o Evangelho não é contra as demonstrações de alegria desde que não se tornem pecaminosas, os missionários ao invés de se oporem formalmente ao Carnaval, procuraram cristianiza-lo, no sentido de  depura-lo das práticas supersticiosas e mitológico. Aos poucos as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidade do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Por fim, as autoridades da Igreja parecem ter conseguido restringir a celebração oficial do Carnaval aos três dias que precedem a quarta-feira de cinzas.
Portanto, a Igreja não instituiu o Carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno existente, e procurou subordina-lo aos princípios do Evangelho. A Igreja procurou também incentivar os Retiros espirituais e a adoração das Quarenta Horas nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas. Sobretudo a Igreja fortaleceu a Quaresma.

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