Do 12 ao 18 de agosto a Igreja do Brasil celebrará em cada uma das dioceses, a semana nacional da família. Para uma maior compreensão dessa semana, Pe. Wladimir Porreca, assessor nacional da Pastoral Familiar da CNBB, enviou à redação de ZENIT, em forma de perguntas e respostas, as principais ideias sobre esse acontecimento. Dr. Pe. Wladimir Porreca é padre da Diocese de São João da Boa Vista/SP, psicoterapeuta e doutor em psicologia(USP) e serviço social (UNESP) e pesquisador da temática Família.
Como o tema 'A Família: Trabalho e festa' será abordado pela CNBB durante a Semana Nacional das Famílias?
A Semana Nacional da Família tem como objetivo geral promover, fortalecer e evangelizar a família, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, (cf. Jo 10,10) rumo ao Reino definitivo (DGA). Nesse ano de 2012, a Semana Nacional da Família procurou seguir o o VII Encontro Mundial das Famílias, em Milão, por isso, que a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família sugeriu para ser trabalhado na Semana Nacional da Família (12 a 18 de agosto), e/ou em outras oportunidades, quando não for possível nesse período, nos grupos familiares e comunitários, grupos de famílias vizinhas, de uma comunidade, de uma quadra, rua, escola, grupos de oração, grupos de reflexão, de ambientes de trabalho, de escolas e outros, o tema: FAMÍLIA: TRABALHO E FESTA.
A Hora da Família é um precioso instrumento para que, por meio de reuniões familiares e de grupos, em todos os ambientes, se aprofunde a reflexão sobre o valor único e próprio da família e o grande bem que ela representa para cada pessoa e para a sociedade
O que traz este subsídio elaborado pela Comissão Vida e a Família?
Este periódico “Hora da Família” foi elaborado a partir das catequeses do Encontro Mundial das Famílias com o Papa Bento XVI em Milão, nos dias 30 de maio a 03 de junho, em Milão na Itália. Família, trabalho e festa é dividido em três grupos, conforme a sequência a família (A família gera a vida, A família e a superação das dificuldades, A família geradora de uma sociedade justa e fraterna ), o trabalho (O trabalho na família, O trabalho, recurso para a família, O trabalho, desafio para a família) e a festa (A festa, tempo para a família, A festa, tempo para o Senhor, A festa, tempo para a comunidade) e introduzidas por uma catequese sobre o estilo de vida familiar (O segredo de Nazaré), os temas desejam iluminar a união entre a vivência familiar e a vida quotidiana na sociedade e no mundo pelo trabalho e pela festa.são um trinômio que começa com a família, para compartilhá-la com o mundo. O trabalho e a festa são modos através dos quais a família ocupa o “espaço” social e vive o “tempo” humano. O tema coloca em evidência o casal homem- mulher junto ao seu estilo de vida: o modo de viver os relacionamentos (a família), de habitar o mundo (o trabalho) e de humanizar o tempo (a festa). O objetivo do tema é pensar na família como patrimônio da humanidade sugerindo, assim, a ideia que a família é patrimônio de todos, e que ao mesmo tempo contribui universalmente para a humanização da existência. Além dos dez encontros catequéticos, como acontece todos os anos, a Comissão elaborou no subsídio “Hora da Família” outras cinco sugestões de celebrações que envolvem os membros da família em ocasiões comemorativas e possibilitem celebrações em outros ambientes que vão além da comunidade eclesial, tais como: escolas, universidades, fábricas, escritórios e outros.
Agosto, é o mês das vocações, e nesta semana vamos e refletir sobre as famílias. Para o senhor quais as dificuldades que hoje as famílias vem enfrentando e que precisam ser sanadas?
Todos somos chamados a santidade, essa é a grande vocação dos filhos de Deus. Com a preocupação de que essa vocação não tenha condições e instrumentais para crescer e desenvolver O Papa Bento XVI tem apontado para todos nós, na maioria dos seus pronunciamentos, o cuidado e atenção a ditadura do individualismo e relativismo. E de fato, essas duas concepções na realidade da pessoa humana e da família diante da realidade em que estamos, influenciam, quando não condiciona, todas as dimensões da pessoa humana e, por consequência, a dinâmica familiar, por fragmentar o ser humano e as relações familiares, distanciando os membros das famílias entre si e com toda forma de instituição, em especial a Igreja. Nessa ótica o trabalho é visto como meio de gerar lucro pelo lucro e meio de satisfação de consumismo, passa assim a tomar o primeiro lugar nas vidas dos membros das famílias. Se o individualismo e o relativismo entram em nossa casa de forma total, por consequência não existe lugar para Deus e nem para os valores de Jesus Cristo e a grande festa nunca acontecerá.
A instituição 'família', podemos assim dizer, vem sendo desvalorizada muitas vezes pela mídia e pelas pessoas no geral. A partir disso e das situações como a Igreja esta se posicionando e reafirmando a importância da família?
Na Sessão inaugural dos trabalhos da V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE (2007), em Aparecida,o nosso Papa Bento XVI se refere a família como "patrimônio da humanidade", um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos... escola de fé, comunicadora de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e é acolhida generosa e responsavelmente, tudo isso para deixar claro que a Igreja acredita e ama a família como sujeito e bem social. Mesmo que exista posições que desvalorizam a família, formada de um homem, uma mulher e filhos o desejo e a necessidade de estar e formar uma família é inerente a todos os seres humano, por isso que as novas configurações familiares buscam aquilo que é fundamental na formação de uma família. Ser família e não outra coisa é o que nos pedia o Beato João Paulo II, nas conclusões da Familiaris Consortio, como dizendo, se a família realmente é família ela cumpre bem sua vocação de ser lugar privilegiado de plena reciprocidade, gratuidade e espontaneidade.
A Pastoral familiar se empenha nesse anúncio, muito mais do que falar do que não está bom na família, temos um anúncio concreto e salutar: Vale a pena a Família. Nós acreditamos e amamos a Família e nos espelhamos naquela que foi família perfeita, a Sagrada Família.
Padre Wladimir, como os pais devem enfatizar aos filhos desta importância de se viver em família, já que hoje devido a rotina do pais os filhos ficam pouco com os pais?
Na temática do trabalho e da festa, procurando com que o trabalho não ocupe o papel central nos relacionamentos familiares e nem mesmo na dinâmica da própria casa. Melhor ter menos e ser com o outro mais. Valorizar os momentos de festa, não ficar esperando momentos especial, mas fazer dos momentos, por menores que sejam, especiais. Usar a criatividade, o tempo e os recursos a partir da primazia do estar juntos em família.
Uma família saudável é aquela que não se fecha em si, por isso, estar atenta, sensível, solidária com outras famílias. Os pais podem mostrar e proporcionar aos filhos momentos de partilha com outras famílias.
Incentivar e possibilitar com que os membros da família rezem juntos, nas refeições, o terço, numa viagem, e em especial participem da missa juntos. E por último, os estarem presente como sujeitos transmissores da fé e dos valores entre o casal e aos filhos.
Qual é a recomendação da Comissão Vida e Família para as pastorais familiares trabalharem com as famílias da sua comunidade?
a) que se crie, com bastante antecedência, uma Comissão Organizadora, integrada por membros das diferentes pastorais, movimentos e serviços;
b) que se busque a aproximação ecumênica nesta organização;
c) que se apresente logo o tema central, neste ano: “Família: Trabalho e Festa”;
d) que se planeje o trabalho e se busquem simbologias adequadas;
e) que se criem as equipes necessárias para todas as áreas de trabalho, como: equipe de divulgação, de secretaria, de liturgia, intercessão, alimentação e saúde, decoração e outras;
f) que se reze muito pelo evento;
g) promova vigílias de oração pela família;
h) que as equipes realizem, com antecedência, as reflexões propostas.
Enfim, ter um espaço na vida da Igreja para celebrar a vida familiar é proporcionar e motivar as famílias católicas, ou não, e as Comunidades Paroquiais, em comum unidade, a terem um olhar especial para a vida familiar, com o propósito de garantir e promover o valor da família como um bem para a pessoa humana e para toda a sociedade.
O senhor poderia deixar uma mensagem para as famílias do Brasil?
O presidente da nossa Comissão, dom João Carlos Petrini, deixou uma mensagem que a deixo como final dessa entrevista: Como casal das Bodas de Canaã, em especial na Semana Nacional da Família, nós também podemos convidar o Senhor e a Mãe, a Virgem Maria, bem como os discípulos a tomarem parte de nossa vida. A oração e a vida fraternal na comunidade de famílias realizam isso. Podemos, então, ter a firmeza esperança que Ele, na sua compaixão e misericórdia, vai nos socorrer em nossas faltas para que a festa continue, como fez em Canaã providenciando o vinho que faltava. Dom Petrini, ainda faz votos que cada família se fortaleça na unidade e na paz e encontre razões para viver com dedicação e equilíbrio o trabalho e saiba valorizar o Dia do Senhor para celebrar a festa do amor na comunhão com Cristo e com os irmãos.
Fonte: Portal Zenit
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