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Pecado e confissão: miséria e misericórdia

em sexta-feira, 22 de junho de 2012


Chega alguém ao confessionário, cheio de tristeza, com o peso da consciência, que lhe esmaga, abre o coração e chora arrependido..., após a confissão e as palavras da absolvição - "Deus, Pai de misericórdia.., te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" - ergue-se, cheio de alegria e esperança para recomeçar a sua história. Eis o que é a verdadeira confissão: reconhecimento sincero de seus próprios pecados, misérias e infidelidades, sem permanecer escravo deles, pela experiência da misericórdia de Deus.


O pecado em sua essência não é o que setores de nossa sociedade apresentam: algo que propicia a felicidade do ser humano (basta fazer uma análise crítica da temática da novela “Avenida Brasil”, onde não há nenhuma família estruturada). O pecado é a ruína do homem, das famílias, da vida religiosa e de toda sociedade e, se não fosse o sangue de Cristo, sinal perene e insubstituível da misericórdia de Deus, estaríamos para sempre perdidos. Entremos com calma no tema, pois também é erro pensar ou ensinar que "tudo é pecado". Há dois tipos de pecados: mortal (morte da caridade na alma e perca da amizade com Deus) e venial (enfraquecimento da caridade); ambos podem ser mais graves ou menos graves. O pecado mortal é um ato livre, consciente e realizado com vontade contra um dos preceitos de Deus, apresentados no Decálogo (Ex 20, 1-17) e colocados, por Jesus, em estreita relação e dependência com o verdadeiro e comprometido amor a Deus e ao próximo (Mt 22, 34-40). Se faltar um dos elementos essências do ato humano (consciência: saber o que está fazendo, vontade: querer realizar o ato, liberdade: não ser coagido) o pecado poderá ser venial ou até , dependendo de cada caso, nem se constituir num pecado e sim num problema emocional ou psíquico a ser tratado pela psicologia ou psiquiatria (Cf. Catecismo da Igreja,1776-1876).

Tendo, porém, estes três elementos, o ato desordenado não é uma "besteirinha", uma "brincadeirinha" ou "invenção de papas" e "religiosos fanáticos". Antes dos papas, veio a Verdade e ela, por meio de João no-lo revelou: "Se dissermos: 'não temos pecados', enganamo-nos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça.(1Jo, 8-10). Há, portanto, uma necessidade de reconhecer nossa miséria para poder receber a misericórdia do Senhor. E é por isso que, a partir a instituição do próprio Cristo (cf. Jo 20, 19-23), a Igreja Católica - na sua milenar tradição - sempre ensinou e ensinará, até a consumação dos séculos, a necessidade do Sacramento da reconciliação, comumente chamado de Confissão. Nos últimos anos - desde o final do pontificado de João Paulo II - a Igreja têm exortado padres e fieis a retomarem o modo ordinário de realizar este sacramento, isto é, através da confissão e absolvição individuais, recordando que é um dever e um direito de todo cristão (ver o documento Papa João Paulo II, Misericordia Dei). Muitos colocam objeções, porque estavam mal acostumados com as "confissões comunitárias" é, então, que me vêm as indagações: que tal uma consulta médica comunitária? Um exame não pessoal? Uma prescrição de um remédio para o coletivo? 

Para uma válida e eficaz confissão, o penitente deve: fazer o exame de consciência, arrepender-se sinceramente, confessar a espécie e número de todos os pecados graves lembrados e, ainda, os veniais mais frequentes. Além disso, deve fazer o propósito de esforçar-se, com a graça de Deus, para não mais cometê-los, expressando isto no Ato de Contrição e na humilde aceitação da penitência aplicada. E para quem tem vergonha ou medo do sacerdote, saiba que ele está obrigado - sob pena de excomunhão - a guardar o sigilo e respeitar o penitente (Cf. Código de Direito Canônico, can. 965-984).


Pe. José Lenilson de Morais – Mestre em Teologia Dogmática
 e Vigário Paroquial de São José de Mipibu/RN

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